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Universidade Federal do Ceará
Programa de Pós-Graduação em Medicina Translacional

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O que é e como se faz Medicina Translacional

Data de publicação: 27 de janeiro de 2020. Categoria: Inovação, Pesquisa Científica

A pesquisa translacional em medicina tem seu início na identificação da doença que acomete o paciente e no conhecimento da sua fisiopatologia para a pesquisa de possíveis alvos terapêuticos, ou seja, do leito do paciente à bancada do laboratório. Na etapa seguinte, desenvolvem-se potenciais tratamentos a partir de pesquisa laboratorial básica e, posteriormente, testa-se a segurança e eficácia de medicamentos, através de ensaios clínicos, ou seja, da bancada do laboratório ao leito do paciente. Visa, portanto, agilizar a transferência de resultados de pesquisa básica para pesquisa clínica, a fim de produzir benefícios para a sociedade.

Tradicionalmente, a pesquisa biomédica se divide em dois grupos estanques: Um de pesquisa básica e outro de pesquisa clínica, onde, na maioria dos casos não se permeia nenhuma articulação entre os dois, existindo um hiato permanente entre esses dois tipos de pesquisa. Por esta razão muitas vezes, o conhecimento produzido pela pesquisa básica não é bem aproveitado para fins práticos ou, na melhor das hipóteses, seu aproveitamento se dá de uma forma muito lenta e pouco promissora.

Desde a última década, o mercado farmacêutico global vem mudando rapidamente forçando as indústrias a melhorar a competitividade por meio de investimentos em pesquisa e inovação, através da análise dos mecanismos celulares de doenças para o desenvolvimento de estratégias a fim de criar novos medicamentos. Consequentemente, o sucesso dessa nova estratégia vem proporcionando a descoberta de novos fármacos e seu desenvolvimento em produtos para a saúde humana, ocupando um amplo espaço na indústria farmacêutica transnacional

No Brasil ainda predomina a dicotomia acadêmica entre a pesquisa básica e a clínica. Com o intuito de minimizar essa problemática e dar suporte a medicina translacional, propiciando a articulação entre o laboratório, onde se desenvolve as descobertas da ciência básica, e a clínica, onde se realizam as aplicações práticas, foi idealizado o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimentos de Medicamentos (NPDM) reunindo pesquisadores de vários departamentos da Universidade Federal do Ceará, objetivando a integração multidisciplinar entre diversas áreas com interesse comum, e dessa forma, racionalizar a capacidade técnica e científica, assim como, o tempo necessário para atuar na pesquisa translacional, contribuindo para o diagnóstico molecular de doenças e atuando no desenvolvimento de novos fármacos.

Como é natural, as ideias que são testadas na clínica raramente se tornam eficientes de um dia para o outro. É sempre necessário um refinamento futuro. Desta forma os resultados clínicos tendem também a retornar para o laboratório, num feedback que contribui, significativamente, na melhoria e aperfeiçoamento daquela estratégia terapêutica, completando o itinerário de retorno da clínica para o laboratório. Portanto, a medicina translacional se propõe a preencher o vácuo existente entre o pesquisador da ciência básica e o clínico em seus campos de prática. Esses pilares devem concentrar seus esforços no cumprimento da promessa de que a pesquisa translacional deve melhorar a saúde e a longevidade das populações do mundo. Para isso, os pesquisadores translacionais devem estar preparados para unir as descobertas das ciências básicas com o amplo território da investigação clínica e traduzir esses resultados em modificações da prática médica.

Nesse contexto, é importante ressaltar que a pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos envolvem um estudo multidisciplinar iniciado pela abordagem química, identificação de alvos terapêuticos, passando pelos testes farmacológicos e toxicológicos pré-clínicos, técnicas de formulações farmacêuticas, culminando com a avaliação da segurança e eficácia em seres humanos. O potencial técnico e científico inovador do NPDM atuando nas diversas fases dessa cadeia deverá contribuir, decisivamente, para o desenvolvimento da medicina translacional, do leito do paciente à bancada do laboratório, “from bed side to bench”, e da bancada do laboratório ao leito do paciente, “from bench to bed side”.

Fonte: Prof. Dr. Odorico Moraes

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